sábado, 26 de fevereiro de 2022

Conto

 

A Doce Surra

 

            Em uma quente tarde do mês de maio no Pesqueiro do Pombo, uma roça bem afastada da cidade, Joaquim brincava com Severina, ansioso pela chegada do primo Teobaldo que viria da capital para passar uma temporada no campo. Joaquim há muito não o via, o qual, agora; já devia ser um rapaz> Joaquim se lembrava de que Teobaldo nunca fora fácil de lidar, era mimado, invejoso e devido à diferença de idade, adorava incomodar as crianças, no entanto, Joaquim lhe queria bem.

            Joaquim não era o único que sentia afeição por Teobaldo apesar de tudo, mas Tia Zefa também. Ela era uma senhora de expressão carrancuda e pele marcada pelo sol, era gorda e usava um lenço amarelo na cabeça que combinava com o vestido, parecia uma jaca ambulante, porém tinha um bom coração e cuidava muito bem da roça e das crianças.

            Logo após o almoço, Teobaldo chegou à roça e já revelando que seu temperamento não havia mudado, jogou-se no sofá e ordenou que Joaquim lhe trouxesse um refresco, o garotinho, no entanto, não deu atenção, juntou-se à irmã Severina e à cachorrinha Amelinha e foram brincar na velha casa da árvore que ficava no quintal da roça.

            Não demorou muito para que o rapaz Teobaldo se irritasse e fosse atrás das crianças para atormentá-las. Chegando embaixo da árvore pensou em voz alta: -Já que gostam tanto de brincar; vou desamarrar a escada da casa da árvore e aí eles não terão como descer. E assim o fez, mas não imaginou que naquela hora Severina desceria da árvore.

           A menina apoiou o pé no ar e, de repente, estava dependurada a dois metros do chão, desesperada ela gritava e o rapaz ria, Tia Zefa, que estava colhendo hortaliças, ouviu a confusão e foi até à casa da árvore ver o que estava acontecendo. Enquanto ela caminhava Teobaldo ria e disse: _ Lá vem tia Jaca peça para lhe salvar. A mulher ouviu aquilo e voou sobre o rapaz dando-lhe tapas.

            Por sorte, Joaquim lutou contra seu medo de altura e salvou Severina, puxando-a de volta para dentro da casa com a ajuda da cachorrinha e ficaram observando o rapaz apanhar:   _ Solte-me sua gorda!!! E a senhora: _ Doí nada minha surra!! É doce que nem Jaca.

           E todos riram de Teobaldo que esperneava com raiva da piada irônica da tia.

Por Ana Beatriz Nunes Dos Santos.

Um comentário:

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