A Didática e suas diferentes Tendências Pedagógicas no Desenvolvimento do Aluno
Uma relação com o filme: “A Onda”
Sabe-se que a didática passou por uma
longa trajetória histórica, a qual, recebeu contribuições de muitos estudiosos
para chegar a tornar-se um campo de estudo amplo que tem como objetivo de
pesquisa o processo de ensino-aprendizagem na sua totalidade.
Tal processo, não só, considera os fatores externos para
aprendizagem do aluno, mas também, todos os requisitos de metodologias e
práticas com a principal, função de possibilitar mudanças sociais e gerar os
processos de transformações nas organizações, tanto pessoais, como coletivas.
Para
tanto, a didática como meio para atingir os fins de uma educação mais
significativa e vinculadora de democracia e equivalência de direitos,
necessitou de desenvolver práticas pedagógicas que atendessem às necessidades
de desenvolvimento das capacidades cognitivas e habilidades dos educandos.
De
acordo com essas necessidades, as práticas foram se modernizando e se adequando
aos processos de construções sócio-histórico-políticos, com o propósito de
solidificar o foco de ensino-aprendizagem que melhor favorecia a
contextualização da sociedade na época, em questão.
Nesse sentido, as
tendências de ensino trazidas pela didática ao longo da história tinham como
fator comum a educação dos discentes; no entanto, de maneiras bem específicas,
de acordo com os interesses da Malha social, correspondente.
Portanto, uma das
primeiras tendências de ensino a ser colocada em prática é a Tradicional, a
qual, tinha como centro detentor de todo o saber, o professor, e o aluno como
sujeito passivo e receptivo no processo de aprendizagem. Seu objetivo era o
desenvolvimento intelectual e moral, assim como, a transmissão cultural de
conteúdos com caráter dogmático e metódico.
Com o decorrer do tempo, o
centro do processo de aprendizagem foi deslocado do professor para o aluno,
como única e principal razão para o fazer pedagógico, sendo, o aluno, agora, o
protagonista do processo de ensino-aprendizagem.
Esse novo movimento ficou
conhecido como “Tendência Renovada” que propunha uma contestação ao movimento
tradicionalista, inaugurado por Herbart, sendo ele um conjunto de métodos mais
modernos de ensino que agregavam saberes da psicologia e buscavam o
desenvolvimento cognitivo e integral do sujeito, por metodologias mais ativas,
questionamento dos conteúdos e pela prática do “aprender fazendo”.
Em concórdia com essa ideologia, um filme, “A onda”, pode ser
citado como referência e exemplo de prática pedagógica renovada, ao estimular a
aprendizagem dos alunos, por meio da prática ativa do conteúdo, e não só pela
concepção teórica.
Em relação à prática, o filme demonstra, claramente, a mudança
de comportamento dos alunos e o interesse a respeito do conteúdo, quando
interagem diretamente com ele.
Essa concepção de
aproximação com o objeto de estudo é defendida por Rousseau, e resgatada,
posteriormente, por Dewey, um dos precursores do movimento da “Escola nova”, ou
também chamado, “Escolanovismo”.
A história trazida pelo filme, além de retratar, uma
metodologia renovada, com o seu decorrer, retoma a linha de ensino tradicional,
no qual, o professor detinha o “poder” sobre os alunos.
Uma outra questão a ser
destacada é também a presença de uma linha crítico-social ao final do filme, já
que o propósito do projeto trabalhado pelo professor de autocracia era como uma
ideologia é capaz de interferir na vida de maneira positiva ou não, sendo ela
responsável pela manipulação e modelagem do intelecto do indivíduo.
Tal constatação foi
feita pelo professor, a partir dos fundamentos de um governo autocrático e,
consequentemente, o questionamento e reflexão, sobre as consequências geradas
por ele na sociedade.
Sendo assim, a prática Crítico-social que
aborda um conjunto de ações que visam a compreensão da realidade e a sua
transformação, instigando o pensar e possibilitando a cooperação entre docente
e discente é bem diferente da tendência tecnicista que procede de técnicas e
encontra-se engessada pelos conteúdos trazidos pelo apostilado e pelos livros
didáticos; com o foco não no desenvolvimento do indivíduo e nem na
transformação, mas sim, em meios de produção mecanizados, preparando o sujeito
para o mercado de trabalho, com vistas a atender ao sistema capitalista.
Observa-se, pois, nesta
prática pedagógica, um desinteresse, por parte do sistema, em desenvolver a
capacidade crítica-reflexiva do aluno, ampliando os processos de massas e
descontextualizando o ensino de uma formação diferenciada e transformadora para
uma formação alienada e produtora de analfabetismo funcional.
Com relação a esse
contexto sistematizado trazido pela tendência tecnicista, “Tempos Modernos” de
Charle Chaplin, retrata, exatamente, o automatismo nas ações e a estratificação
das funções de cada indivíduo no processo de ensino-aprendizagem com obrigação
de respeito à hierarquia de funções, ou seja, os livros didáticos,
desqualificaram a capacidade docente no processo de aprendizagem.
Todavia, apesar de
muitas as críticas a cerca deste modelo de ensino, ele, atualmente, é um dos
principais meios de formação no Brasil, uma vez que, os movimentos renovados e
libertadores não tiveram grande difusão pela falta de recursos e principalmente
de interesse do Estado.
A respeito do movimento
liberal de ensino seu principal fundador e precursor foi Paulo Freire que
buscava uma educação mais justa e igualitária entre as classes, dado que a
sociedade capitalista é constituída de opressores e oprimidos, uma luta
constante de diferenças sócias, a qual era rebatida pelo método de liberdade,
possibilitando ao aluno meios para que ele queira aprender de forma prazerosa e
construtiva.
Em suma, retomando o
filme, “A onda”, citado em parágrafos acima, as duas pedagogias de ensino, a
renovada e a crítico-social, estão diretamente ligadas a um modelo progressista
de formação, o qual, fomenta o diálogo, o processo colaborativo e participativo
do aluno em sala de aula, do respeito pelo outro e a construção de um saber
coletivo, através da interação, a troca de informações entre o mediador, o
docente, e os mediados, os alunos.
Com efeito, tais
movimentos de ensino, voltados ao liberalismo, impedem a expansão do pensamento
crítico do aluno, reduzindo sua capacidade criativa e efetiva no meio em que
vive.
Em síntese, a melhor
maneira de se fazer uma educação, não só para o desenvolvimento do cognitivo,
mas também para vida, são os meios progressistas que possibilitam ao sujeito
autonomia, capacidade reflexiva e transformadora no desenvolvimento ético e
moral para a construção de um mundo mais justo, democrático e com equidade de
direitos e deveres para todos.
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